PET FRIENDLY (pode ser traduzido como “amigos de animais de estimação”) é uma tendência mundial, seja em restaurantes, hotéis e pousadas, companhias aéreas e marítimas,…
Como forma de atrair uma parcela considerável de clientes, que fazem questão de viajar e partilhar seus momentos de lazer com seus amigos de 4 patas, os empresários do turismo começam a quebrar essa antiga resistência. E os nossos campings? Como estão encarando nossos mascotes?
Os números impressionam
44,3% dos lares brasileiros tem pelo menos um cão |
17,7% tem ao menos um gato |
Paraná é o estado em que mais casas têm cão |
52 milhões de cães e 22 milhões de gato em 40,4 milhões de casas |
Existem mais animais de estimação (74 milhões) que crianças (44,9 milhões) |
O assunto deixou de ser uma tendência, para se tornar uma realidade inquestionável. Levar seu animal de estimação (considerado parte integrante da família), para as atividades de lazer é uma prática cultural histórica. Os benefícios da convivência com os animais de estimação são inúmeros. As vantagens vão da redução da pressão arterial à melhora na depressão. Dentre os principais estão a melhora da auto estima, o aumento da prática de atividades físicas e maior convívio social. As vantagens da convivência com animais se estendem da infância à terceira idade. Por ser uma etapa da vida repleta de aprendizados diários, a infância beneficia-se do contato com um animal de estimação pelo auxílio no aprendizado de valores como respeito, cuidado e responsabilidade, além de ter no pet um carinhoso e animado companheiro para os momentos de diversão e brincadeiras.
Já para a terceira idade, etapa em que é comum um maior afastamento dos familiares e isolamento social devido ao ritmo mais desacelerado de vida, o animal é o companheiro ideal de todas as horas, sempre disponível para oferecer carinho e companhia, além de contribuir também para o resgate da sensação de prazer relacionada ao cuidado com o outro (alimentação, cuidados com a saúde e higiene etc.).
E os campings? Estão preparados para bem receber campistas e seus pets?
Eu responderia que ainda não, mas isso está mudando. A despeito de muitos e bons esforços nesse sentido, ainda existe uma considerável refração a ideia de conviver com nossos animais. É claro que REGRAS DE COMPORTAMENTO precisam e devem ser editadas e respeitadas. Aos que não couber ENQUADRAMENTO, devem ser convidados a se retirar, em benefício dos demais. Animais com atitudes agressivas ou comportamentos excessivamente agitados e barulhentos, comprometem a tranquilidade dos demais animais e usuários. Esse filtro comportamental não é uma exclusividade dos animais. Muitos humanos também não sabem se comportar em comunidade.
Em nossa recente viagem ao Uruguai, visitamos 6 campings. Todos continham em seus regulamentos, restrições a presença de animais de estimação. Nossa técnica foi a de não trazer a tona esta questão (não vimos, não lemos, não ouvimos). Como nosso gato Fredy é muito tranquilo, não tivemos dificuldades de mantê-lo dentro de nosso equipamento e as saídas para passeios foram feitas em horários mais reservados.
Aqui no Brasil, seguimos a mesma técnica. Com isso, acabamos por descobrir que a restrição no regulamento tem caráter simbólico (velado). Agrada a quem não quer conviver com animais, mas não representa uma regra irrecorrível. De dezembro/2015 a fevereiro/2016, visitamos 14 campings, do Rio de Janeiro ao Rio Grande do Sul. Destes, 10 eram PET FRIENDLY, 1 possuía área reservada para motorhomes com animais e 3 tinham regras rígidas contra a presença de animais.
Quer nos parecer que algumas administrações não sabem lidar com essa tendência. Alguns preferem tratar caso a caso, evitando assumir uma postura favorável ou não. Essa ausência de critérios acaba por produzir atritos entre usuários, independente da ocorrência de transtornos. Muito parecido com o quase nunca cumprido horário de silêncio divulgado em regulamentos e placas ostensivas onde a tolerância funciona de acordo com o freguês.
Onde você pode acampar com seu animal de estimação? Em qualquer CCB, ainda em atividade. Essa é uma interessante constatação. A presença dos animais de companhia sempre esteve atrelada ao campismo, desde a época áurea do CCB (década de 60/70). Em nossa lista de Campings Visitados no Brasil, você vai encontrar a indicação dos que são e os que não são PET FRIENDLY.
Como melhorar a receptividade dos campings? Atuando como formadores de opinião. Em cada camping que visitamos e encontramos alguma restrição, procuramos conduzir uma discussão inteligente e, ao mesmo tempo comercial, das vantagens em se tornar mais acessível, de se atualizar em relação às tendências, além de apresentar casos de sucesso. Ligados aos animais estão famílias e família é sinônimo de consumo, de lucro. É claro que este assunto nunca será uma unanimidade, mas resistir indefinidamente não é sinal de esperteza.
Em nossas andanças conhecemos muitos amigos de estrada que evitam levar seus mascotes. Alguns com razão, já que seus animais não atendem aos princípios mínimos de convivência, perturbando a tranquilidade do próximo. Outros comentam da dificuldade de aceitação dos campings. Em viagens longas é certo encontrar campings refratários a animais. E aí, o que fazer com o animal dentro do carro ou do motorhome? Planejamento e negociação prévia ajuda. É assim que fazemos. Mas também conhecemos outros tantos que fazem questão de estar com seus companheiros de 4 patas seja aonde for, dentro ou fora do país.
Olhando os exemplos acima, fica mesmo difícil de entender os motivos que levam alguns campings a proibir a permanência de animais de estimação. Esperamos que essa tendência PET FRIENDLY seja um motivador de mudança para os casos radicais e inegociáveis de proibição que ainda persistem. Excluímos aí os campings instalados dentro de Parques Nacionais e APAs, onde a presença do animal doméstico é uma ameaça à fauna e a flora ali protegidas.
Uma das últimas descobertas científicas, publicadas na prestigiosa revista Science, é que os cachorros amam seus donos com o mesmo amor do bebê por sua mãe. Também afirma-se que conviver com um animal de estimação, olhar sua mascote nos olhos, brincar com ela ou acariciá-la, produz forte dose de oxitocina, chamada de “molécula do amor”.
Era conhecido que a oxitocina inibe a amídala, a área cerebral encarregada de oferecer respostas ao medo e à agressão. Essa substância, muito presente nos momentos em que nos apaixonamos, também serve para reduzir o medo social.
Se nos humanos a carga de oxitocina costuma diminuir com o desgaste das relações amorosas, não acontece o mesmo com os animais, que sempre são bebês e consideram seu dono, homem ou mulher, como sua mãe. Por isso, considera-se que o amor que um animal sente por nós é inabalável e de absoluta fidelidade. Eles também estão eternamente apaixonados por nós. Exatamente como um bebê por sua mãe.
Dessas armas e desses muros nunca vai nascer essa “molécula do amor” que vive no coração desses seres que nos ensinam a difícil virtude da fidelidade.
Fonte: nas estradas do planeta
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