Estilo de vida extremamente barato e que permite fugir da rotina de trabalhar de segunda à sexta atraiu Lucas e Eve
Os caminhos de Lucas Miguel, 33, e Eve Leoncio, 26, se cruzaram na Europa em 2017, quando ambos tinham ido para Dublin, estudar e trabalhar. Depois de alguns meses de relacionamento, eles começaram a notar que a ânsia que os levou do Brasil para a Irlanda ainda não havia cessado. Apesar da rotina confortável, eles começaram a conversar sobre novas possibilidades.
“Até que um dia a gente assistiu um vídeo no Youtube de um ônibus convertido e de uma galera que viajava nele. Daí caímos em outros vídeos de vans e motorhome e de repente clicou: é isso, faz todo sentido morar em um carro que tem uma certa estrutura e poder viajar e ser totalmente móvel”, conta Lucas.
O casal então incluiu um novo membro na relação: Rogerinho, o motorhome. O nome no diminutivo faz jus ao tamanho do automóvel, que além de pequeno é um modelo bem antigo, de 1992, o que facilitou a pechincha. O preço também indicava que algumas coisas não funcionavam, o que fez com que Lucas e Eve tivessem que mexer no carro. Eles instalaram um painel solar e uma bateria para que eles pudessem recarregar os equipamentos eletrônicos. Mas aquecedor de água, por exemplo, eles ainda não têm.
s brasileiros estão há dois anos viajando pela Europa. Nesse tempo eles já conheceram a Holanda, Alemanha, Áustria, Eslovênia, Portugal, Grécia, Macedônia, Sérvia, Hungria. “A intenção esse ano era viajar pela Escandinávia, Noruega, Dinamarca e Suécia, mas veio a pandemia do coronavírus, então a gente passou 2020 inteiro trabalhando. Atualmente estamos na Holanda, trabalhando em uma fazenda”, diz Lucas, que trabalhava em um estúdio de animação 3D no Brasil.
Eve reitera que apesar da possibilidade de viajar bastante e conhecer diversos lugares ser atrativa, o objetivo principal ao adotarem a vida nômade não era esse, mas sim buscar um estilo de vida mais simples e que saísse da mesmice da rotina de trabalhar de segunda a sexta. Para isso, o casal economizou €12.000 para comprar o motorhome e conseguir viajar por seis meses com mais tranquilidade. Em geral, eles mantêm esse esquema de trabalhar e economizar por um período para poderem viajar sem preocupações.
O casal se adaptou muito bem à vida na estrada e aprecia muito a liberdade que esse modelo proporciona, mas toda escolha traz consequências e dificuldades. “A questão do planejamento pega muito para mim, eu tô descontruindo isso, mas sempre precisei saber o que fazer amanhã. Tanto que sempre fizemos roteiros, nunca foi ‘hoje a gente dorme aqui e amanhã a gente vê’, isso nunca funcionou para mim”, diz Eve.
Lucas diz que mais sente falta da vida “normal” é poder estar perto dos amigos e das pessoas queridas, especialmente nos últimos meses. “Nunca fui tão apegado. A gente sente saudade, claro, mas sempre soube lidar. Ultimamente, depois de algum tempo longe, comecei a dar mais valor para isso”, diz.
Quando eles compraram o Rogerinho, não tinham muitos planos, pretendiam ficar um ano viajando para entender se realmente gostariam desse estilo de vida para depois ver o que fariam. Hoje, especialmente após os últimos meses trabalhando em uma fazenda, já estão começando a planejar um futuro mais distante, onde pretendem ter um pedaço de terra em algum lugar da Europa para construir uma casa simples onde eles possam plantar o próprio alimento e, claro, ainda ter um motorhome na garagem para quando quiserem viajar.
Olá, estamos online !